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6/11/2020

201. D iante do espelho, retira a máscara. Respira fundo. Sorri para si mesma. Estranha, igual ao ano que custa a passar. 

5/11/2020

200.  A artista sempre quis ter uma bússola. Comprou uma e detestou. Gostava mesmo era do imprevisto! Guardou a bússola. E assim seguiu, feliz, nas suas trilhas inventadas.

4/11/2020

199.  Começa novembro no ano sem primavera e que não promete verão. Do calor do início do ano já esqueceu. Desde março tudo é frio. Precisa do aquecer. Risca um fósforo, acende uma vela, prepara um chá, busca um cobertor e abre um poema.

3/11/2020

198.  O grito morreu sufocado na garganta cortada. A voz das mulheres que ficaram, jamais se calaria. De mãos dadas, elas aprenderiam a gritar cada vez mais alto. Elas gritariam na rua, na escola, na casa, no filme, no teatro, na canção, no verso e na prosa.

2/11/2020

197.  Segue caminhando pela vida ao seu lado, embora não mais segure na sua mão. Ao cair, ouve a voz firme: "Levanta daí duma vez!" Ergue-se, ao saber que não está só. Esfola os joelhos, mas não chora. Nunca foi de chorar.

1/11/2020

196.  O vento uivava.  No décimo andar: os pelos do gato eriçados e os batimentos do coração da criança acelerados. Os vidros da janela tremiam como a mãe paralisada diante da cena.